DARCY RIBEIRO – ANTROPÓLOGO, ESCRITOR E POLÍTICO.

1. A coisa mais importante para os brasileiros (...) é inventar o Brasil que nós queremos.

2. O espantoso é que os brasileiros, orgulhosos de sua tão proclamada, como falsa, “democracia racial”, raramente percebem os profundos abismos que aqui separam os estratos sociais.

3. Os privilegiados simplesmente se isolam numa barreira de indiferença para com a sina dos pobres, cuja miséria repugnante procuram ignorar ou ocultar numa espécie de miopia social, que perpetua a alternidade.

4. O Brasil, último país a acabar com a escravidão tem uma perversidade intrínseca na sua herança, que torna a nossa classe dominante enferma de desigualdade, de descaso.

ARGUMENTAÇÃO DE EXEMPLO: A desigualdade social, extremamente marcante, não somente no passado histórico-social brasileiro (guiado pela completa ausência de políticas capazes de reparar suas mazelas), tem sido um fator determinando para perpetuar os mais diversos problemas estruturais e sociais em todo o território. Sobretudo, o vilipendio às diferentes etnias foi um dos elementos mais perversos e desumanos da formação histórica do Brasil, quase sempre associado à escravidão, à perseguição religiosa e, lamentavelmente, à ausência de amparo legal.  Nesse viés, é possível postular que tal análise vai de encontro ao pensamento de Darcy Ribeiro que aponta como “os brasileiros, orgulhosos de sua tão proclamada, como falsa, ‘democracia racial’, raramente percebem os profundos abismos que aqui separam os estratos sociais”. Assim, torna-se evidente o quanto o Estado ainda é displicente, já que, mesmo conhecendo a realidade histórica brasileira, ainda é incapaz de traçar medidas e políticas públicas de ação afirmativa para corrigir as distorções entre camadas étnico-sociais.

SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA – HISTORIADOR, JORNALISTA E POLÍTICO.

1. A rotina e não a razão abstrata foi o princípio que norteou os portugueses, nesta como em tantas outras expressões de sua atividade colonizadora. Preferiam agir por experiências sucessivas, nem sempre coordenadas umas às outras, a traçar de antemão um plano para segui-lo até o fim.

ARGUMENTAÇÃO DE EXEMPLO: O cristianismo sempre teve maior relevância, atuando principalmente enquanto regimento de conduta, fundamentalmente durante a Idade Média. Levado ao Brasil anos mais tarde o catolicismo esteve cristalizado à vivência brasileira, impondo-se e hostilizando inúmeras práticas religiosas indígenas - por meio de padres jesuítas à serviço da Companhia de Jesus – e posteriormente contribuindo historicamente para a segregação e criminalização de religiões africanas, ainda durante o Período Colonial. Somando a isto, e conforme Sérgio Buarque de Holanda, “a rotina e não a razão abstrata foi o princípio que norteou os portugueses, nesta como em tantas outras expressões de sua atividade colonizadora. Preferiam agir por experiências sucessivas, nem sempre coordenadas umas às outras, a traçar de antemão um plano para segui-lo até o fim”. Fica claro, portanto, o quando estes elementos históricos contribuíram para a formação de um Estado que persegue e puni minorias e desviantes do padrão cultura estabelecido.

GILBERTO FREYRE – POLÍMATA (ANTROPÓLOGO, ESCRITOR E FILÓSOFO).

1. A rotina e não a razão abstrata foi o princípio que norteou os portugueses, nesta como em tantas outras expressões de sua atividade colonizadora. Preferiam agir por experiências sucessivas, nem sempre coordenadas umas às outras, a traçar de antemão um plano para segui-lo até o fim.

ARGUMENTAÇÃO DE EXEMPLO: É importante considerarmos que apenas pouco mais da metade da população brasileira possui acesso à internet, mesmo que em centros digitais ou escolas. Desse modo, comunidades inteiras ficam completamente isoladas, não somente da cultura de massa, mas sobretudo distantes do patrimônio cultural brasileiro, indispensável à formação de uma identidade singular – voltada ao indivíduo e seu meio social – e também nacional, relativa aos hábitos, costumes, práticas recreativas e literárias brasileiras, já que, conforme Gilberto Freyre  “sem um fim social o saber será a maior das futilidades”. Outrossim, verifica-se dentro desta perspectiva, a formação de bolhas culturais, cujo reconhecimento de valores de determinadas culturas sofre forte preconceito, principalmente quando colocadas diante da cultura erudita elitizada. Isso é nitidamente evidenciado em relação à música e arte das periferias já que manifestações culturais como o Funk, Rap, Hip-hop ou Grafite sempre sofreram e ainda sofrem com duras represálias, censura ou mesmo projetos de lei que buscavam criminaliza-las.

MARIE SKŁODOWSKA CURIE – CIENTISTA.

1. Nada na vida é para ser temido, apenas sim para ser entendido.

2. Cada pessoa deve trabalhar para o seu aperfeiçoamento e, ao mesmo tempo, participar da responsabilidade coletiva por toda a humanidade.

CONCLUSÃO DE EXEMPLO: Portanto, é indispensável que o Poder Legislativo, através de novas comissões na Câmara e Senado Federal, estabeleça novas diretrizes trabalhistas garantindo, por meio de uma nova reforma que seja capaz de beneficiar principalmente as classes menos favorecidas, a ascensão econômica e social daqueles que estão nos limiares da linha da pobreza e miséria. Além disso, é igualmente importante que o Governo Federal, através de um novo projeto político, implemente uma ação coletiva social capaz de fornecer recursos e ferramentas que funcionem a curto prazo, em caráter assistencial, e que também crie possibilidades futuras de profissionalização e capacitação, promovendo maior movimento nos setores empregatícios e melhor distribuição de funções e rendas em toda coletividade brasileira. Assim, torna-se possível que o cidadão seja capaz de atuar e “trabalhar para o seu aperfeiçoamento e, ao mesmo tempo, participar da responsabilidade coletiva por toda a humanidade”, conforme o ideal de Marie Curie.

PITÁGORAS DE SAMOS– FILÓSOFO E MATEMÁTICO.

1. Eduquem as crianças e não será necessário castigar os homens.

2. Os homens são miseráveis, porque não sabem ver nem entender os bens que estão ao seu alcance.

3. Enquanto as leis forem necessárias, os homens não estarão capacitados para a liberdade.

IMMANUEL KANT– FILÓSOFO.

1. Podemos julgar o coração de um homem pela forma como ele trata os animais.

2. O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele.

3. Toda reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço.

4. Não basta que atribuamos liberdade à nossa vontade, seja por que razão for, se não tivermos também razão suficiente para a atribuirmos a todos os seres racionais.

PAULO REGLUS NEVES FREIRE – EDUCADOR, ESCRITO E FILÓSOFO.

1. Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.

2. Ninguém liberta ninguém. As pessoas se libertam em comunhão.

3. Não há saber mais ou saber menos: Há saberes diferentes.

4. Ninguém é sujeito da autonomia de ninguém.

ARISTÓTELES–FILÓSOFO.

1. Somos o que repetidamente fazemos. A excelência, portanto, não é um feito, sim um hábito.

2. O homem é um animal político (Zoon politikon).

3. Se as coisas não acontecem como desejamos, deveríamos desejá-las do modo que elas acontecem.

INTRODUÇÃO DE EXEMPLO: Proclamado pelo filósofo grego Aristóteles como um animal político (Zoon Politikon), dotado de necessidade e capacidade latente de interação, o homem vive para a sociedade que o cerca. Compreendendo a humanidade dessa forma, reconhecemos a necessidade de se estabelecer regras de conduta capazes de promover a harmonia entre os membros de um corpo social. Entretanto, a relação entre as classes sociais brasileiras, tanto em seu passo histórico quanto em sua atualidade, se dá de maneira adversa já que inúmeros brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza e à margem do amparo do Estado.

JOHANN GOETHE – AUTOR E ESTADISTA.

1. Nada é mais repugnante do que a maioria, pois ela compõe-se de uns poucos antecessores enérgicos; velhacos que se acomodam; de fracos, que se assimilam, e da massa que vai atrás de rastros, sem nem de longe saber o que quer.

2. A democracia não corre, mas chega segura ao objetivo.

3. A maior necessidade de um Estado é a de governantes corajosos.

CAIO PRADO JUNIOR – HISTORIADOR, GEÓGRAFO, ESCRITOR, FILÓSOFO E EDITOR.

1. O grande problema brasileiro é levantar o nível dessa massa da população, porque cultura é um fato coletivo, e não individual. É preciso usar o máximo dos recursos do país para dar saúde e educação para essa massa.

2. A Lei do Ventre Livre não resultou assim, em última análise, senão numa diversão, uma manobra em grande estilo que bloqueou muito mais que favoreceu a evolução do problema escravista no Brasil.

ARGUMENTAÇÃO DE EXEMPLO: Estabelecida na Constituição 34 a Educação Básica gratuita no Brasil foi um dos grandes passos para se conseguir a concretização de uma sociedade mais justa e dotada de capacidade crítica em face à democracia necessária frente à manutenção de tradições e patrimônio cultural. Todavia, mesmo com significativos esforços governamentais e implementação de políticas públicas de ação afirmativa o cenário contemporâneo é completamente precário e segregador em relação à educação em nosso país. Afinal, conforme Caio Prado, “o grande problema brasileiro é levantar o nível dessa massa da população, porque cultura é um fato coletivo, e não individual. É preciso usar o máximo dos recursos do país para dar saúde e educação para essa massa”. Portanto, torna-se notoriamente evidente a urgência de se desenvolver meios para se aprimorar e realmente democratizar o acesso ao sistema de formação e ensino no Brasil.

NOAM CHOMSKY – LINGUISTA, FILÓSOFO, SOCIÓLOGO, CIENTISTA.

1. Os Estados não são agentes morais; as pessoas são.

2. A liberdade sem oportunidades é um presente diabólico, e negar-se a dar essas oportunidades é um crime.

3. O ensino deve inspirar os estudantes a descobrir por si mesmos, a questionar quando não concordarem, a procurar alternativas se acham que existem outras melhores, a revisar as grandes conquistas do passado e aprender porque algo lhes interessa”.

4. Caso após caso, vemos que o conformismo é o caminho fácil, e a via rumo ao privilégio e prestigio; a dissidência traz custos pessoais.

ARGUMENTAÇÃO DE EXEMPLO: A reforma trabalhista, estabelecida no governo Temer – cujo objetivo estava pautado em uma visão cegamente neoliberal voltado às flexibilizações que pouco beneficiaram classes economicamente mais frágeis – em 2018, resultou em um grave acréscimo nas taxas de desemprego, atingindo a margem aproximada de 14,6% conforme divulgado pelo IBGE. Consequentemente, a desigualdade social cresceu drasticamente, apontando para um declínio na dignidade básica necessária à vida, afetando gravemente famílias em situação de pobreza, deixando-as ainda mais à margem da vivência social. Este cenário evidencia nitidamente a sentença “os Estados não são agentes morais; as pessoas são” postulada Noam Chomsky, já que uma considerável parcela populacional que já se encontrava em fragilidade financeira passou a sentir diretamente os efeitos da instabilidade alimentar. Sobretudo, este retrocesso não só fere dramaticamente a economia do Brasil, mas revela o quanto decisões políticas pautadas em interesses escusos podem ser danosas ao corpo social.

JEAN-JACQUES ROUSSEAU - FILÓSOFO, TEÓRICO E POLÍTICO.

1. A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável.

2. O homem experimenta a mesma impressão, mas se reconhece livre de aquiescer ou de resistir; e é sobretudo na consciência dessa liberdade que se mostra a espiritualidade de sua alma.

MARTIN LUTHER KING - ATIVISTA POLÍTICO.

1. Aprendemos a voar como os pássaros e a nadar como os peixes, mas não aprendemos a conviver como irmãos.

2. A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo o lugar.

3. A verdadeira medida de um homem não se vê na forma como se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas em como se mantém em tempos de controvérsia e desafio.

VIRGINIA WOOLF - ESCRITORA, ENSAÍSTA E EDITORA.

1. Atrás de nós, encontra-se o sistema patriarcal; a casa privada, com sua nulidade, sua imoralidade, sua hipocrisia, seu servilismo. Diante de nós está o mundo público, o sistema profissional, com sua possessividade, seu ciúme, sua belicosidade, sua ganância.

2. As mulheres serviram por todos estes séculos como espelhos possuindo o mágico e delicioso poder de refletir a figura do homem com o dobro do seu tamanho natural.